Eu existo porque sou esse emaranhado de estéticas dissolutas
existo porque correm vitaminas de tintas sanguíneas pelas minhas veias estreitas
entupidas pela nicotina
existo porque pinto uma aquarela cinza de palavras incolor
que grita músicas dionisíacas no topos dos edifícios abandonados
cheios de páginas de livros soltas
contos de clarice, pedaços de poesias de neruda
existo nessas paredes listradas em diagonais tortas
no cuspe dos bêbados sem resposta
me perco no andar dos segundos
e me encontro no piscar das estrelas