quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Vida e Morte Periferia

- Hoje eu matei um maluco lá no morro
Foi a mando do dono do torro
Cheguei na quebrada às 5 da tarde
Esperei o mané na calçada do portão da casa dele
A arma na cintura, 3 balas só
Abriu a porta, o dito cujo e a sua guria
e eu cheirado com a missão nas pupilas
a mão fria, apontou o cano na testa do mano
o gatilho estourou 3 bomba
na testa, na boca, no peito
a menina corre e tropeça no medo
o cara caiu que nem bosta no jardim da própria casa jorrando sangue pela cara
suspirou, tremeu, virou as retinas para ver sua menina
só escutou o choro do seu nome
os olhos apagaram abertos a vida.

Agora to aqui fumando um beck com os manos
nada melhor que tá no sossego de casa
meus corre da semana que vem tá empacotado
garantido a grana do mês pra larica, o pó e o cigarro
Deus me livre de sair da minha quebrada
aqui tenho os brow, o trampo, o lar e a rapaziada.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Os ecos do não

Naquela ponta do morro
era a quebrada do torto
quebravam sonhos de eras
pela cabeça do dono
daqueles males da noite
caladas na bala e na brasa
rolavam dos morros os corpos
despedaçavam em desgraça
Naquela ponta do morro
criança tonta na cola
não dança amarelinha
não quer mais jogar bola
é na esquina que brinca
passando a noite na bica
e troca o cerol da pipa
pela carreira branquinha
Naquela ponta do morro
polícia cola no muro
passa a mão na propina
limpa a sola no buxo
saca a arma na testa
esfaqueia o mamilo
atira a bala no pé
come o cu do bandido

O dia nasceu
e o rap mandou a gíria na rima
a voz do samba
canta a letra no pé da menina
explode a marginal arte
do funk na lage
a ginga de muitas
que sonham ser a mais que bonita
e no calçadão quer o macho do um milhão
Na Ipanema tomar sol, vida de cinema
Outra faceta dessa farsa mal ensaiada
dos pobres sem um tustão, os ecos do não
o nada na democracia capitalizada.