terça-feira, 4 de outubro de 2011

Os ecos do não

Naquela ponta do morro
era a quebrada do torto
quebravam sonhos de eras
pela cabeça do dono
daqueles males da noite
caladas na bala e na brasa
rolavam dos morros os corpos
despedaçavam em desgraça
Naquela ponta do morro
criança tonta na cola
não dança amarelinha
não quer mais jogar bola
é na esquina que brinca
passando a noite na bica
e troca o cerol da pipa
pela carreira branquinha
Naquela ponta do morro
polícia cola no muro
passa a mão na propina
limpa a sola no buxo
saca a arma na testa
esfaqueia o mamilo
atira a bala no pé
come o cu do bandido

O dia nasceu
e o rap mandou a gíria na rima
a voz do samba
canta a letra no pé da menina
explode a marginal arte
do funk na lage
a ginga de muitas
que sonham ser a mais que bonita
e no calçadão quer o macho do um milhão
Na Ipanema tomar sol, vida de cinema
Outra faceta dessa farsa mal ensaiada
dos pobres sem um tustão, os ecos do não
o nada na democracia capitalizada.

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