terça-feira, 22 de junho de 2010

Página 237 do livro Somos muito mais do que tudo isso

Páginas proibidas para os não pertencentes das paranóias amortecentes. Sinto um gelo no coração que imobiliza o marchar das lágrimas. Estou cada vez ,ais do lado avesso e o mundo do lado certo é irrelevante para os meus pensamentos. Crio palavras, códigos e diálogos que se tatuam e se tornam parte das paredes internas do meu corpo fragmentado e, sonhos, desejos e ideias. Pedaços de mim sobram pelas estradas ou evaporam com as fumaças. A conexão com o real, ou o que teima ser a realidade, está por um fio. Um suspiro e caio num sono dormente, demente por tentar se achar na fuga entorpecente. Esquecer seja talvez a solução. Ser todos os dias uma página em branco nova que deseja ser preenchida com cores, tons e formas. Ser e não justificar ou ratificar o que é. Porém, rendo-me a um olhar que me decifra e me devora. Fico de mãos atadas diante do seu poder desenfreado de entrar no terceiro lado, tirar o sapato, e espreguiçar-se no meu colo, apagar meu cigarro e me hipnotizar com a sua carícia, ideologias e aquela mais terna energia que paira, flutuante, ao redor do seu carrossel encantado, cheio de rosas vermelhas e folhas secas. Estou agora, extasiada, com o poder de me olhar com o meu olhar, de sentir com o meu sorrir. Estamos num mundo com outras lógicas, outras medidas e outras filosofias. Aqui é o reino da Saudade, purgatório dos românticos contemporâneos exilados. Aqui tudo que temos é o que sentimos.



XXIII/ VI/MMX Dany la Cherie

Nenhum comentário:

Postar um comentário